Nesta edição:
I. Vale a atualização.
II. Vale a recomendação.
III. Vale a atenção.
IV. Livros.
Olá. As coisas ficaram mais pesadas por aqui com o assustador aumento do número de mortes, inclusive de pessoas próximas e o decreto de lockdown na cidade. Espero que vocês estejam conseguindo levar tudo da melhor forma possível.
Essa será uma tentativa de edição mais compacta e mais leve para semanas mais corridas e pesadas. Me afastei das notícias, grupos de whatsapp e tenho usado ainda mais leitura, música e entretenimento para as horas livres. Pra não deixar passar a semana sem curadoria, indicações e atualizações, testarei esse formato um pouco diferente. Não será a norma, a próxima voltaremos ao padrão. Espero.
I. Vale a atualização.
◾ Lendo:
"Iludidos pelo Acaso" do Nassim N. Taleb e "Desejo de Status" do Alain de Botton. Comecei a ler o primeiro (selo Taleb de qualidade atestado; se é Taleb tem que ser lido) quando tive a ideia de um texto. A pesquisa me levou ao segundo, que estou devorando. Sendo meu terceiro livro do Alain de Botton já estou quase criando também o selo AdB de qualidade.
A ideia do texto acabou crescendo já que os dois livros conversam entre si em alguns pontos (acredito que de certa forma todos os bons livros conversam entre si). Daí que a ideia do texto ficou muito além da minha capacidade de escrevê-lo. Vou terminar as duas leituras e quem sabe as coisas se conectem melhor aqui na cabeça.
◾ Assistindo:
Uma das minhas série favoritas voltou. Billions já está com 3 episódios da quinta temporada liberados na Netflix. Terminei o sensacional The Last Dance ("Arremesso Final" em pt-br sabe se lá porquê) e escrevi até textão pra recomendar e dizer que ser fã de basquete não é requisito para assistir. Também comecei The Newsroom (HBO GO), série de 2013 muito bem recomendada mas que só descobri recentemente. A cena de abertura, além de uma baita aula de escrita, atuação, direção e edição, dá uma boa noção do que vem pela frente, e vou até deixar o link legendado aqui pra quem quiser assistir.
◾ Ouvindo:
Acho o Spotify fantástico para descobrir coisa nova e explorar novos gostos musicais. Só que não faço nada disso. Acabo escutando sempre as mesmas coisas e os mesmos estilos. Comecei a me esforçar mais. A playlist oficial de High Fidelity (recomendada na última news) é uma das melhores coisas da série e, apesar de ser quase toda de clássicos já conhecidos, tem me levado a explorar outras paradas.
Tenho curtido também a mixtape The Angel´s Pulse que é um epílogo do álbum anterior (aclamado como vim a saber) "Negro Swam" do Blood Orange, pseudônimo para Dev Hines. Material novo de um estilo que faz meu tipo e de um cara que parece ser foda como contam nesse artigo.
II. Vale a recomendação
◾ Para assistir:
Arte, morte e Zeca pagodinho no Jô. Tem isso e muito mais em "Leveza", o último episódio do Gregnews e uma das coisas mais importantes e necessárias de serem assistidas nessa quarentena. Ainda que não deixe de tratar de coisas pesadas, consegue o objetivo de nos deixar mais leves e esperançosos. Usa a morte pra falar de vida. Faz uma grande homenagem a arte e a cultura, tão essenciais para mantermos a sanidade em tempos como esse. De uma sensibilidade enorme, uma das grandes manifestações dessa crise.
Um dos humoristas americanos mais bem sucedidos das últimas décadas voltou aos palcos. Jerry Seinfeld estreou seu novo show de stand-up (e provavelmente o último segundo o próprio) na Netflix. "Jerry Seinfeld: 23 Hours to Kill" é um espetáculo sem vulgaridades, sem política, sem sermão, apenas a boa e velha comédia de observação cotidiana. Boas risadas garantidas.
◾ Para seguir
Seguindo uma dica, criei uma "conta secreta" no Instagram para sair da mesmice que virou o algorítimo da minha conta pessoal e encontrar coisas mais interessantes. Tipo o perfil @albumreceipts, que pega a tracklist de um álbum e transforma em recibos. Um conceito fantástico de design e o sucesso do perfil mostra que existe um elemento social real de compartilhamento de música e não há dúvida de que há um mercado potencial para marcas e empresas se integrarem a isso.
A newsletter gratuita Exploding Topics, que vasculha a internet para encontrar tendências antes que elas decolem. Em e-mails semanais são destacados 5 termos que estão crescendo rapidamente em popularidade entre pesquisas na web e menções em mídias sociais. Os termos podem ser um produto, uma empresa, uma gíria ou um slogan. A explicação sobre os termos e sua tendência também vão no boletim. Um recurso interessante de se achar tópicos populares, nichos, produtos e pra se manter atento ao que pode vir pela frente.
O perfil do humorista João Pimenta ensinando receitas de forma didática e delicada é dos mais engraçados que tá tendo.
◾ Para explorar:
Some Good News é uma série web criada pelo ator e cineasta John Krasinski (o Jim do The Office). Hospedado no YouTube, é um programa dedicado inteiramente a boas notícias, com Krasinski operando de dentro de sua casa durante o isolamento.
O Covid Innovations é um site que reúne projetos e ideias que tentam solucionar problemas causados pelo novo coronavírus.
Para alguém que sempre quis saber desenhar qualquer coisa além daqueles bonecos de palitinho, achei o "Como desenhar em 6 etapas" do NYT um bom ponto de partida.
Este tour virtual pelas principais cidades turísticas do mundo numa experiência de 360° é quase como viajar sem viajar.
Antes & Depois do "The Marshal Mathers LP" é um material muito bem editado e dos mais didáticos do NYT sobre música pop. O material mostra como cada música do disco do Eminem, que completa 20 anos, foi influenciada por coisas que vieram antes e a influência que cada uma delas teve nas coisas que vieram depois.
III. Vale a atenção
◾ Pra ler no seu tempo:
"A arte de caminhar sem rumo" foi a edição #33 dessa newsletter onde, através de lições aprendidas com Thoreau e Taleb, falei um pouco sobre porque não necessariamente você precisa saber onde quer chegar. E como seguir em frente como um flaneur pode ser a melhor coisa em tempos de incerteza.
Começou a atuar no Brasil uma conta que reproduz o funcionamento do Sleeping Giants americano. Uma conta que alerta companhias sobre publicidade em páginas que ajudam a propagar a desinformação. O objetivo é estrangular financeiramente a máquina de fake news. E tem dado resultado. Nos EUA o site do guru da extrema direita Steve Bannon já perdeu o equivalente a R$50,7 milhões. Aqui a ideia foi posta em prática por um estudante que se mantém anônimo mas que foi entrevistado pelo Rodrigo Ghedin do Manual do Usuário.
No mais recente Tecnocracia, Guilherme Felitti questiona o novo do “novo normal” pós-pandemia que gurus de todas as espécies já tentam prever. A Apesar de já haver indícios de que podemos acabar num cenário até pior que o anterior a pandemia, a real é que ninguém sabe de nada.
A Naomi Klein, pelo The Intercept Brasil, alerta que o coronavírus pode gerar uma distopia tecnológica. "É um futuro em que nossas casas nunca mais serão espaços exclusivamente pessoais, mas também são, via conectividade digital de alta velocidade, nossas escolas, consultórios médicos, academias e, se determinado pelo estado, nossas cadeias. É claro que, para muitos de nós, essas mesmas casas já estavam se transformando em nossos locais de trabalho inesgotáveis e em nossos principais locais de entretenimento antes da pandemia, e o encarceramento de vigilância “na comunidade” já estava crescendo. (...) É um futuro em que todos os nossos movimentos, todas as nossas palavras, todos os nossos relacionamentos são localizáveis, rastreáveis e passíveis de terem seus dados minados por colaborações inéditas entre os governos e as empresas gigantes de tecnologia."
É um ensaio longo, pessimista, mas que nos ajuda a entender como a tecnologia está transformando o mundo.
Em A raiva contra o ódio, Audre Lorde lembrava que a luta política não só não deveria prescindir da raiva como se apropriar dela. "...a raiva é a regra de quem não foi lobotomizado no Brasil de 2020."
Isolar-se durante a pandemia virou uma posição política na era da negação, mas muitos sequer têm a chance. Ótimo material com exemplos de gente que pode ficar em casa e gente que não tem outra escolha a não ser ir pra rua.
A pandemia tem colocado em xeque a cultura de celebridades e dos grandes influenciadores, como afirma esta reportagem. Por outro lado, muita gente anônima está sabendo se promover durante a quarentena e ficando bem conhecida em redes como o TikTok. (E já que caímos no assunto Tik Tok: entenda o sucesso do app que conquistou os brasileiros na quarentena.
Se você conhece alguém que pode se interessar por essa newsletter, compartilhe. O crescimento aqui é apenas orgânico. É na base do famoso boca boca que ela ganha mais assinantes.
📚 Livros
◾ Walden, de Henry D. Thoureau.
Editora Edipro. 288 páginas.
Walden é a obra mais popular de Henry David Thoreau, um pensador muito à frente de seu tempo e considerado um influente filósofo americano, muito conhecido por seu conceito de Desobediência Civil, que influenciou grandes nomes como Tolstói, Gandhi e Martin Luther King. Publicado em 1854, o livro é onde Thoreau manifesta seus ideais e compartilha suas reflexões levantadas nos 2 anos em que se isolou numa casa na floresta, as margens do lago Walden, vivendo sozinho e suprindo todas as necessidades por conta própria. Thoreau trata de temas não superados até hoje pelo homem contemporâneo, como o direito à liberdade e o respeito à natureza.
◾ O Problema dos Três Corpos, de Cixin Liu.
Editora Suma. 320 páginas.
“China, final dos anos 1960. Enquanto o país inteiro está sendo devastado pela violência da Revolução Cultural, um pequeno grupo de astrofísicos, militares e engenheiros começa um projeto ultrassecreto envolvendo ondas sonoras e seres extraterrestres.” Esse é o início da sinopse do livro, o primeiro de um autor fora do eixo EUA/Inglaterra a vencer o Prêmio Hugo ( entregue anualmente para os melhores trabalhos da ficção científica). Une temas como física e astronomia, revolução cultural chinesa, mistério alienígena, política e destino da humanidade, tudo isso fugindo de muitos clichês. Instigante e até perturbador.
No fim das contas, o que era pra ser uma edição curta, de bolso, nem ficou tão compacta assim né. Diz aí o que achou.
Se tenho tentado me desconectar um pouco dos acontecimentos inimagináveis que assolam esse mundo (e esse país em especial), a conexão com você por aqui é essencial. Espero que fique bem e pode puxar a conversa daí quando quiser.
Até a próxima.
~ Edgar Oliveira.
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