Conectando Pontos #31
CP#31 - O pior e o melhor dos tempos
Opa, voltamos...
Depois da correria de fim de ano, de um Janeiro difícil e quase eterno, sobrevivemos pra entrar em Fevereiro.
Diferente de outros anos que, aproveitando a virada no calendário, encarava o 01/01 cheio de entusiasmo com as novas resoluções, dessa vez a única resolução de ano novo que fiz foi a de que não iria fazer resolução nenhuma, pelo menos não em janeiro. Queria apenas descansar e não pensar em nada de "plano e metas 2019".
Como a vida não tá nem aí nem pra uma simples resolução dessas, janeiro veio carregado de desgraças pessoais. E pra alimentar a teoria de que uma nuvem negra se instalou sobre o país em 2019, fevereiro veio cheio de tragédias nacionais. O que me fez refletir mais sobre esse mandamento:
"Você deve perceber que a vida é uma luta brutal, e você deve acolher a chance de entrar na Grande Arena da Vida, sabendo que a única maneira de perder é deixar de participar. A dor é boa, natural e desejável. Toda honra e glória vão para aqueles que participam com zelo na luta"
O ano começou com muita luta, dificuldade e aventura. Mas também com muita vida. E mais do que nunca espero encontrar nesse espaço que valorizo tanto, boas companhias pra dividir a permanência na Arena e a travessia 2019.
Pra quem chegou do final do ano pra cá: olá.
Obrigado por me deixar entrar no seu e-mail.
Como foi muita gente e como é a primeira edição do ano, vou aproveitar pra fazer um resumão aqui.
Se quiser ter um pouco mais de contexto sobre as coisas que escrevo e recomendo e sobre se vale a pena ou não continuar recebendo meus e-mails, é legal dar uma olhada.
Quem sou eu e como surgiu a newsletter
Muito prazer, meu nome é Edgar. Tenho 34 anos, nascido e criado em Campos dos Goytacazes, interior do Rio, recém casado, sem filhos, formado Engenheiro de Produção (porque além de gostar de matemática, ser bom em lógica e em manipular números, era a engenharia da moda), mas por n motivos sem trabalhar na área no momento.
Olhando em retrospectiva, nunca passei grandes dificuldades na vida.
Não me arrependo de nada (quase nada, vai), tudo correu relativamente bem até aqui e o que deu errado me fez quem sou hoje. Com todo suporte familiar e financeiro, posso dizer que tive uma vida relativamente (porque tudo é relativo) fácil e que nem sempre estive ciente dos meus privilégios.
Sempre fui péssimo em finalizar coisas, desistindo no caminho e me deixando levar por qualquer novo interesse que chamasse minha atenção. O poder dos livros (e da leitura, claro) foi algo que me chamou atenção, me impactou e me entusiasma até hoje.
E foi graças aos livros, os acontecimentos da vida, as demandas dos negócios, a experiência dos anos e os boletos vencendo, que aprendi e internalizei alguns princípios de vida:
Aprendi que a melhor definição de sucesso é levar uma vida honrosa e não ter vergonha do que faço pra viver.
Que existe o mal no mundo e não importa como me comporto, cedo ou tarde vamos bater de frente, então, é preciso estar preparado.
Que seguir um processo é importante, assim como confiar no poder dos juros compostos; Disciplina, consistência e paciência são a chave pra vitória em qualquer empreendimento da vida.
Que é impossível prever o futuro e o melhor que posso fazer é eliminar e evitar o que não quero (via negativa), deixar mais opções em aberto e, juntar recursos e habilidades pra estar melhor preparado para os acasos da vida.
Que quase nunca vale a pena tentar sempre buscar e escolher a melhor opção disponível. Muitas vezes parar quando encontrar uma opção satisfatória já é o suficiente.
Esses e vários outros princípios que carrego como direcionamentos, mudam e evoluem junto com minha noção da realidade e com a noção sobre meus privilégios. (deve ser o que chamam de maturidade)
O que não muda é o fato de continuar me interessando por um monte de coisas (ou seria me desinteressando por um monte de coisas?) Sei lá, só sei que passei a me enxergar como muito curioso, já que tava na moda falar que a curiosidade era um dos segredos das pessoas criativas e do sucesso.
Essa "curiosidade" acaba me enchendo de referências e por mais que nenhuma delas signifique conhecimento profundo em algo (preciso trabalhar nisso, eu sei) , a quantidade também tem seu valor.
E como todo ser humano moderno, com o desejo de compartilhar, resolvi criar essa newsletter, como uma curadoria de links, para divulgar, recomendar e espalhar as coisas que julgava interessantes (e assim também, encontrar pessoas pra conversar sobre essas coisas).
E por "essas coisas" entendem-se: livros, artigos, documentários, filmes, séries, pessoas, e até mesmo textos que escrevo na tentativa de descobrir se levo jeito pra coisa.
Por que e o que escrevo?
Com fortes traços de timidez e introversão, comunicação sempre foi um problema pra mim. Quando passei a ler muito, senti a necessidade de registrar algumas reflexões sobre o que lia e descobri que a escrita era uma ótima ferramenta não só para registrar mas para organizar e compartilhar essas reflexões.
Percebi que escrever me forçava a reorganizar a forma que construía meus pensamentos e me obrigava a posicioná-los de um jeito que fosse melhor entendido por outra pessoa. Ser preciso na comunicação é um superpoder. Não escrevo para virar um escritor, escrevo porque, no meu caso, é o jeito mais simples e acessível de alcançar esse poder. E como tudo na vida, você só melhora em algo com muita prática.
Não tenho um assunto específico pra escrever.
Enxergo a vida como um grande território, cheio de incertezas e dificuldades, e acredito que ao tentar entender melhor tudo que afeta minha vida, vou formando um mapa mais condizente com a realidade desse território.
Apesar de todos sermos únicos, no sentido de crescer e viver em um contexto específico, no fim das contas, somos seres humanos, da mesma espécie, com problemas, desejos e funcionamento bem semelhantes. Os mapas são diferentes mas o território é o mesmo, então, podemos nos ajudar.
É por isso que escrevo muito sobre coisas que acontecem comigo, coisas que consumo, que me afetam e sobre minha percepção sobre essas coisas. Conhecer a mim e as coisas que me atingem é talvez a melhor forma de melhorar meu mapa. Pra citar Montaigne:
"Eu gostaria de ser bom conhecedor de mim mais do que de Cícero. Na experiência que tenho de mim encontro bastante com que fazer-me sábio, se eu fosse bom aluno”.
E apesar de citar um filósofo, essa newsletter não tem nada de muito profundo. Geralmente sou apenas eu escrevendo uma reflexão aleatória, fazendo uma curadoria de links, recomendando livros e falando do impacto que tiveram sobre mim e como você poderia achar legal se consumisse isso tudo também.
E é apenas isso, não sou nenhuma autoridade em assunto nenhum. Sou apenas mais um consumido pelo desejo de investigar cada vez mais como viver bem e tirar maior proveito e aprendizado de tudo que me afeta.
Aproveito a newsletter ainda, pra melhorar a comunicação, moldar um mapa cada vez mais realista, documentar todo esse processo e por tabela, quem sabe, ajudar você a fazer o mesmo.
Por que "Conectando Pontos"?
Dar nome para nossos projetos nem sempre é fácil e nem sou dos melhores pra fazer isso. Enquanto buscava um nome pra essa newsletter, pensei em todas as coisas que gostava de compartilhar e nesse trecho do discurso de Steve Jobs:
“You can’t connect the dots looking forward; you can only connect them looking backwards. So you have to trust that the dots will somehow connect in your future.”
Formar um mapa, então, seria coletar muitos pontos e através da prática deliberada, da disciplina, da paciência e de uma boa dose de direcionamento, "esperar" que eles se conectem de alguma forma algum dia.
Uso a newsletter também como para documentar parte desse processo. Pra mim, vida também é memória e procuro documentar o máximo de coisas que posso. A newsletter com seus links, sua evolução e suas conversas formam um importante log nessa memória.
Por todo respeito e admiração que tenho pelos livros, não podia deixar de pensar neles também. (essa newsletter começou, nomeada apenas como "recomendações de leitura" quando comecei simplesmente compartilhando tudo que lia).
Ler pra mim também é basicamente coletar pontos. Depois de certa quantidade de livros, encontramos padrões e conseguimos começar a conectar as centenas de pontos que coletamos através das centenas de leituras realizadas. E isso traz mais clareza pro nosso mapa.
E pra fechar, uma outra citação que li em alguma lista de recomendações de leitura e que senti forte identificação também contribuiu para o nome:
"The goal is to become a polymath, a renaissance man of sorts, who can pool together disparate points and fields of study to form an advantageous understanding of how this complex world works."
Como disse antes, não tem nada de complexo por aqui, mas "conectando pontos", apesar de virar uma expressão bem clichê até pelo discurso do Jobs, pareceu fazer sentido na época.
Quer falar comigo?
Se você chegou até aqui, obrigado. Só o ato de escrever já me faz bem mas ter sua audiência e a oportunidade de receber suas sugestões e o retorno da mensagem enviada, torna tudo mais gratificante e recompensador.
Escrever é um processo solitário e só quando submetemos o escrito ao leitor sabemos o resultado do que estamos tentando transmitir.
Se quiser conversar comigo, basta responder os e-mails que eles caem na minha caixa de entrada pessoal.
E se quiser fazer contato em outras redes, tem o Instagram da news onde indico links e alguns achados como filmes e séries. O Medium, que fora o espaço aqui, é onde costumo publicar alguma coisa.
E tem o Twitter, minha rede pessoal onde passo mais tempo hoje. (só clicar nos ícones um pouco mais abaixo)
Fique a vontade pra fazer contato por lá também.
Isso é tudo, por hoje.
Esse pequeno resumo de um pequeno recorte deve ser o suficiente pra te dar um pouco mais de contexto se não sobre mim, pelo menos sobre essa newsletter.
Conecta Links
É provável que você também já tenha experimentado o viés da Superioridade Ilusória. Não entender que somos apenas mais um e de que não tem nenhum problema nisso é sinal de pouca exposição ao mundo real. "Entender que não somos especiais e que estamos tranquilos com nossa vida comum é apenas um lembrete para acalmar nossa ansiedade, para olhar para nós mesmos com um pouco de humildade e sem culpa por ser quem realmente somos."
Nosso dia a dia padrão é cheio de monotonia, práticas repetitivas e pouco inspiradoras. Não somos especiais. Apesar desse ser um lembrete importante, uma inquietação e um anseio por uma vida de aventura vive dentro de cada um. "Embora o homem tenha decidido se domesticar, seu coração continua selvagem".
Jorge Carvajal sobre a crise e o caos como formadores de uma nova ordem. "...não vamos nos opor a crise. Pelo contrário, vamos participar conscientemente da crise, para encontrar na crise, e isso faz parte das leis do caos, ver ali os embriões, os genes de uma nova ordem."
Existem coisas que você quer fazer. Existem coisas que você precisa fazer. Algumas vezes existem coisas que se encaixam nessas duas categorias. Esse post é sobre como lidar com a vida quando isso não acontece.
O Paul Graham tem um acervo de ensaios tão bons que é difícil escolher os melhores. Neste, ele fala sobre porque acredita que escrever bem é mais importante do que a maioria das pessoas imagina.
Essa semana assisti Creed 2 (recomendo muito principalmente para os fãs da saga Rocky) e lembrei como curto esses clichês onde o azarão supera tudo e todos para conquistar a glória. Aqui temos uma lista com grandes filmes de esportes que nem sempre se enquadram nessa narrativa e que agradam a qualquer um independente de amar ou não o esporte em questão.
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Conecta Livros
(Clique nas imagens para mais informações sobre os livros)
Fiquei um tempo me perguntando se devia recomendar esse livro. Ray Dalio é conhecido como o "Steve Jobs dos investimentos", fundador da mais eficaz gestora de fundos hedge do mundo. No mundo dos negócios, é famoso por ter codificado os princípios sobre os quais gerencia sua empresa e a própria vida em um documento que circulou por anos na internet. O documento era muito bom e foi ao conhecer que criei a noção de colocar meus próprios princípios no papel. O livro, porém, me decepcionou pois pareceu apenas um monte de regras envolvidas em storytelling motivacional que não justificou um livro de quase 600 páginas. Mas talvez seja minha impressão apenas, até por já conhecer o documento original. De qualquer forma, vale a pena pesquisar sobre a obra e descobrir se vale a pena pra você.
Robert Greene é um dos maiores estrategistas vivos, autor de cinco bestsellers internacionais e com uma tendência a escrever extraindo lições da história, o que faz suas obras serem bem valiosas. Esse é um livro que pinga sangue e é definido pelo próprio autor como o “manual das artes da dissimulação”. O que não passa de uma observação crítica do comportamento humano e que muita gente evita discutir. Greene recorre a fábulas e episódios reais dos últimos milhares de anos da nossa história pra extrair lições sobre como obter mais poder, tanto no âmbito profissional como pessoal. Muito bem detalhado, cheio de exemplos e citações, e com uma atmosfera fria e calculista, é um livro pra ser relido de tempos em tempos. Mas sempre com a mente aberta e bom senso.
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#Achado - Filme: The Hate U Give
São muitas as boas obras recentes tratando do racismo estrutural e outras formas de preconceitos e injustiças contra minorias. Corra, Sorry to Bother You, Blindspotting e Infiltrado na Klan são obras de primeira, cada um com seu estilo e super necessárias.
O mais recente título que aborda o tema é The Hate U Give ( O Ódio que Você Semeia) adaptação do cultuado livro da Angie Thomas de mesmo nome. A exemplo dos outros citados, o filme é de primeira em todos os sentidos. As atuações, principalmente da protagonista Starr (Amandla Stenberg), a trilha sonora, a adaptação do roteiro, as referências a cultura pop que vão de Harry Potter a Beyoncé, tudo.
Voltado pro público “young adult”, tem uma linguagem mais simples e acessível e que agrada tanto o público juvenil como o adulto, conseguindo entreter e passar uma mensagem forte.
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O filme é de 2018 e pelo visto não foi muito bem distribuído pelos cinemas daqui. O que é uma pena para uma obra tão boa e essencial. Já é um dos meus preferidos de 2019 por tudo que citei e pela mensagem principal ter sido inspirada no novo significado que o rapper Tupac Shakur deu para a expressão THUG LIFE.
São tempos de luta, de dificuldades, de caos. Ou seja, é o pior mas também o melhor dos tempos. (Own it, and enjoy it)
Um abraço, e até a próxima.
Edgar